A Psicanálise foi criada pelo neurologista austríaco Sigmund Freud, com o objetivo de tratar desequilíbrios psíquicos. Desse modo, a disciplina visa também analisar o comportamento humano, decifrar a organização da mente e curar doenças carentes de causas orgânicas.
Para começar, a psicanálise é indicada para todas as pessoas que têm uma demanda ou questão. Uma demanda é algo que se apresenta como um enigma pessoal, algo que não vai bem. Ou seja, alguma coisa que surge e que precisa de uma saída que não se consegue encontrar sozinho.
Normalmente, diante de problemas e angústias, as pessoas reagem utilizando-se de comportamentos e padrões de sofrimento. E, assim, se colocam em um lugar de aceitação ou de resignação deste estado.
Por exemplo, frente a uma grande cobrança de trabalho, pode-se ficar estressado. Sendo assim, frente à perda de alguém querido, pode-se ter baixa estima e desânimo.
Nesse sentido, a psicanálise é para aqueles que procuram uma nova maneira de lidar com os impasses pessoais que não seja a resignação no sofrimento.
Consulte: Livros sobre a teoria psicanalítica
O tratamento psicanalítico
O trabalho do analista consiste em, frente à demanda de cada analisando, proporcionar a invenção de uma saída para além dos padrões fixos de sofrimento. A cada sessão, os analisandos são desautorizados do lugar de resignação no sofrimento, promovendo-se soluções criativas.
Sendo assim, o mundo na época de Freud (final do século XIX, inicio do século XX) era estruturado a partir de uma organização hierárquica ou vertical (de cima para baixo) que colocava padrões comuns a serem seguidos. Tinha-se, de forma clara, o que era certo ou errado fazer, tendo como referência uma autoridade geral, como a religiosa.
Diante de uma dúvida, dizia-se popularmente para se apelar ao bispo. Nas famílias, a autoridade era o pai, que estabelecia qual o modelo a seguir. Na teoria psicanalítica, esta mesma organização ficou definida como Complexo de Édipo.
Desse modo, frente ao mal-estar humano, à algo que não vai bem, o tratamento era reforçar a função do pai. Para resolver os impasses procurava-se um saber que vinha do Outro. Era o famoso “ Freud explica”.
Nos mundo atual, chamado de globalizado, não temos mais a organização vertical da sociedade. Não existem mais padrões comuns a serem seguidos, nem uma autoridade ou saber último para chamar.
Em síntese, as pessoas perderam o norte, encontrando-se “desbussoladas”. Aliás, a própria estrutura familiar não é mais a mesma, existindo vários modelos de família. A psicanálise, neste novo cenário, tem se orientado através do conceito de Real, criado por Lacan.
Em resumo, a função paterna não é capaz de recobrir totalmente o mal-estar, devendo o tratamento caminhar para além do Complexo de Édipo, na direção de uma invenção permanente de respostas. Não há um Outro que nos explique, não podemos ter garantias últimas em nossas escolhas, mas devemos ser responsáveis por elas.